Última alteração: 2018-10-11
Resumo
Introdução: a relação Médico-Paciente é um (senão o mais importante) dos fundamentos da práxis médica Pedro Laín Entralgo (1908-2001) foi um médico espanhol, considerado o maior investigador humanista da história da medicina na Espanha no século XX. Objetivo: analisar a relação terapêutica entre médicos e pacientes na esteira do pensamento de Pedro Laín Entralgo. Material e Métodos: pesquisa bibliográfica documental explorando as ideias encontradas em uma das principais obras do autor: La Relación Médico-Enfermo (1964), buscada no acervo virtual da Biblioteca Cervantes. Como instrumento de análise utilizou-se um roteiro de leitura estruturado em três etapas: identificação, caracterização e contribuições da obra para o estudo. Resultados: o livro traz como temática principal o encontro amistoso entre a pessoa do enfermo e a pessoa do médico. Para responder a questão suscitada, Laín Entralgo divide a sua obra em duas partes: a história relação entre o médico e o enfermo e a teoria acerca dessa relação. No seu apanhado histórico o autor inicia pelo surgimento da práxis clínica médica na antiguidade clássica grega, passando pelos diversos períodos do cristianismo até chegar à sociedade moderna que, para ele, tornou-se “secularizada”. Na segunda metade propõem-se os fundamentos de uma teoria da relação médico-paciente que, segundo Entralgo, seria invariavelmente constituída de cinco momentos principais a partir dos quais ele estrutura sua análise: a vinculação inicial, cognoscência, operação, afetividade e ética/religiosidade. O encontro inicial entre o médico e seu paciente marca o início dessa relação. Os momentos cognitivos e operativos seriam as oportunidades do diagnóstico e tratamento, respectivamente. Após isto surge entre ambos uma afetividade, sendo que a ética e religiosidade diriam respeito às razões de cada um dos sujeitos dessa relação bilateral. Conclusão: a relação médico-paciente foi sendo construída ao longo da história como uma aproximação entre dois sujeitos inicialmente distantes. A amizade e ou afetividade que dela pode advir é benéfica e deve ser utilizada terapeuticamente pelo médico com vistas à cura ou à mitigação do sofrimento. O pensamento de Laín Entralgo convida o leitor a refletir não só sobre as bases da clínica médica, mas também das relações humanas na sociedade em geral. Por essa razão queda-se atual ainda nos dias hodiernos. O conhecimento da riqueza dessa forma de interação interpessoal deve perpassar pela formação de todo profissional em saúde.
Palavras chave: Relações Médico-Paciente; Humanismo; História da Medicina.